Mística

Dona Isabel
Mestre Toni Vargas

Código Penal
Da República dos Estados Unidos do Brasil
Decreto número 847 de 11 de outubro de 1890
Capítulo 13: dos vadios e capoeiras

Artigo 402: Fazer nas ruas e praças públicas,
Exercícios de agilidade e destreza corporal
Conhecido pela denominação "capoeiragem"
Andar em correrias com armas e instrumentos,
Capazes de produzir lesão corporal,
Provocando tumulto ou desordem,
Ameaçando pessoas certa ou incerta
Ou incutindo temor de algum mal.
Pena: de prisão celular de 2 à 6 meses.

Parágrafo único:
É considerado circunstância agravante,
Pertencer o capoeira a algum bando ou malta
Aos chefes ou cabeças se imporá pena em dobro

Iêêêêêê

Dona Isabel que história é essa
Dona Isabel que história é essa
De ter feito abolição
De ser princesa boazinha
Que libertou a escravidão
Eu tô cansado de conversa,
Tô cansado de ilusão
Abolição se fez com sangue
Que inundava este país
Que o negro transformou em luta,
Cansado de ser infeliz

Abolição se fez bem antes
E ainda há por se fazer agora
Com a verdade da favela,
E não com a mentira da escola
Dona Isabel chegou a hora
De se acabar com essa maldade
De se ensinar aos nossos filhos,
O quanto custa a liberdade

Viva Zumbi nosso rei negro,
Que fez-se herói lá em Palmares
Viva a cultura desse povo,
A liberdade verdadeira
Que já corria nos Quilombos,
E já jogava capoeira

Iêêê viva Zumbi!
Iêê viva Zumbi camará (coro)
Iêêê rei de Palmares
Iêê rei de Palmares camará (coro)
Iêê libertador
Iêê libertador camará (coro)

Iêêê viva meu mestre
Iêê viva meu mestre camará (coro)
Iêêê quem me ensinou
Iêê quem me ensinou camará (coro)
Iêêê a capoeira
Iêê a capoeira camará (coro)

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Maria, Maria
Milton Nascimento

Maria, Maria
É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece
Viver e amar
Como outra qualquer
Do planeta

Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que rí
Quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta

Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria

Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida
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Camarada o que é meu

Às vezes me chamam de negro
Pensando que vão me humilhar
Mas o que eles não sabem
É que isso só faz me lembrar
Que eu venho daquela raça
Que lutou pra se libertar
E criou o maculelê
E que acredita no candomblé
Que tem o sorriso no rosto
Samba no corpo e o gingado no pé

Camarada o que é meu
É meu irmão (coro)

Meu irmão do coração
É meu irmão (coro)

O que é que ele é meu
É meu irmão (coro)
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No tempo do cativeiro

No tempo do cativeiro
Quando o senhor me batia
Eu rezava pra Nossa Senhora
Como a pancada doía

No tempo do cativeiro
Quando o senhor me batia
Eu rezava pra Nossa Senhora, ai meu Deus
Como a pancada doia

No tempo do cativeiro
Eu não posso nem me lembrar
O negão só trabalhava
Apanhava pra nada ganhar

No tempo do cativeiro
Quando o senhor me batia
Eu rezava pra Nossa Senhora, ai meu Deus
Como a pancada doia

Mamãe tá me chamando
Vovõ mandou me chamar
No tempo do cativeiro
Capoeira eu quero jogar

No tempo do cativeiro
Quando o senhor me batia
Eu rezava pra Nossa Senhora, ai meu Deus
Como a pancada doia

Mamãe tá me chamando
Vovõ mandou me chamar
Essa roda sagrada o garoto
Capoeira eu quero jogar

No tempo do cativeiro
Quando o senhor me batia
Eu rezava pra Nossa Senhora, ai meu Deus
Como a pancada doía

No tempo do cativeiro
Eu não posso nem me lembra
O negão só trabalhava
Apanhava sem nada ganhar

No tempo do cativeiro
Quando o senhor me batia
Eu rezava pra Nossa Senhora, ai meu Deus
Como a pancada doía

Ie, ai meu bem
Como a pancada doía

Ie, ai meu Deus
Como a pancada doía
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O Sal da Terra
Beto Guedes

Anda!
Quero te dizer nenhum segredo
Falo nesse chão, da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar...

Tempo!
Quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir

Vamos precisar de todo mundo
Prá banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver...

A paz na Terra, amor
O pé na terra
A paz na Terra, amor
O sal da...

Terra!
És o mais bonito dos planetas
Tão te maltratando por dinheiro
Tu que és a nave nossa irmã

Canta!
Leva tua vida em harmonia
E nos alimenta com seus frutos
Tu que és do homem, a maçã...

Vamos precisar de todo mundo
Um mais um é sempre mais que dois
Prá melhor juntar as nossas forças
É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
Para merecer quem vem depois...

Deixa nascer, o amor
Deixa fluir, o amor
Deixa crescer, o amor
Deixa viver, o amor
O sal da terra
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Trabalha nêgo

Foi no tempo do cativeiro quando senhor me batia
Eu rezava pra nossa senhora, como a pancada doía
Trabalhava o dia inteiro, no açúcar e no cinzal
E ainda era chicoteado num velho tronco de pau
Mas quando eu cheguei na Bahia a capoeira me libertou
Até hoje ainda me lembro antigas ordens do nosso senhor

Trabalha nêgo, olha nêgo trabalha
Trabalha nêgo pra não apanhar (coro)
Trabalha nêgo, olha nêgo trabalha
Trabalha nêgo pra não apanhar (coro)

Olha lá o nêgo
Olha o nego sinhá (coro)
Mas que nêgo danado
Olha o nego sinhá (coro)

Esse nêgo é valente
Olha o nego sinhá (coro)
A cultura do nêgo
Olha o nego sinhá (coro)

A mandinga do nêgo
Olha o nego sinhá (coro)
A risada do nêgo
Olha o nego sinhá (coro)

Um comentário:

  1. Muito obrigado mesmo! Só estava a procura da letra, no tempo de cativeiro e acabei por encontrar a Dona Isabel (versão q não conhecia). Axé

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