sábado, 8 de setembro de 2012

Carta à Luiza Mahin

Luiza Mahin
Luiza Mahin. Negra, nagô, mulher, guerreira, escrava, pagã, revolucionária. Líder da Revolta dos Malês. Inspirados por sua força, viemos aqui dizer que não nos resignaremos diante da dor, diante da exploração de classe, gênero ou cor. Sobre um chão de sangue nos levantamos pra lutar, assim como lutastes. Nosso inimigo? Aqueles que erguem suas garras com unhas fétidas para ferir o nosso povo, o povo brasileiro. Não deixaremos. Guerreamos assim como ti por um novo mundo, um verdadeiramente livre. Não esta escravidão velada.

Luiza, não deixaremos que lhe devolvam os grilhões de outros tempos e te acorrentem nos escombros dessa história. História falsa de homens brancos. Alforriamos-te, pois. A história do povo brasileiro não deve ser pintada de branco. Ela tem diversas cores e principalmente o vermelho. Vermelho de luta, de dor, de resistência, de sangue. Não! Não fomos resignados, pacíficos, amigáveis e só. Lutamos sim, e muito. Porém sempre abafados pelas garras, pela espada e a fumaça. E assim, que nossas casas sejam como a tua, reduto de confabulações, conspiração e vida. Vida de ação, vida de luta.

Luiza Mahin, negra, nagô, mulher, escrava, encarnas em ti nossas dores. Dor profunda que sentimos ao ver uns sentirem fome e venderem seus corpos das mais diversas formas para alimentar a barriga e os privilégios de outros. Dor ao ver no rosto do nosso povo as lágrimas e as rugas da exploração. Sua energia, guerreira africana, nos da força para sermos persistentes, para ararmos o deserto de nossas consciências, podermos enfim plantar sementes crioulas de esperança e regá-las com nosso suor e não mais, sangue. Assim nos libertamos dos grilhões do Estado e vamos buscar no povo o sentido de nosso verdejar caminho. E enfim nos erguemos e permanecemos de pé, assim como você, Mahin.

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